domingo, 28 de dezembro de 2008
Cachoeira Invertida
Tudo muda de novo
tudo novo todo dia
do mar à montanha
da noite pro dia
Embarco sem barco
e me envergo de horizontes
vôo ainda baixo
pra beber de todas as fontes
Num dia um grito
noutro sorrisos
num dia rabisco
no outro concretizo
Numa noite o interminável
nas manhãs o efêmero, o eterno
Num dia o impossível inadiável
no outro o adeus, num sorriso terno
Tudo muda e gira e contorna,
E todo suor e alegria plantada
Na inspiração vem e retorna
na gratidão à todo dia alcançada
E quero tantas mudanças
quanto mais mudo, mais muda
e quanto mais sou muda, mais mudo
mais falo... sem precisar dizer
E me calo, me calo, e sorrio barulhento no olhos
e à todo dia me lavo
me levo
leve que vou a fluir feito a transparência do rio
leve que vou feito as asas da borboleta azul
leve que vôo feito o invisível poder de beija-flor em ação
leve que sou todo cercado desta conspirAção
Desta benção, sintonia e brasilidade...
E Rio,
porque é o melhor que pode(re)mos ser...
[mas disso, jamais saberemos vivos]
Pulso Inverso
[ou Incomplenitude ]
Incapaz de fugir daquilo que não sou
Já pouco me esforço pra deixar-me aceitar
Porque percebo, tropegamente
O quanto os erros conseguem
Quase despretenciosamente
Definir aquilo que vou sendo
E escorrego veloz
Entre uma percepção e outra
Uma sensação incontrolável
Respiração que acelera disparadamente
Sem conseguir diferir pânico de alegria
Vontade de medo, verdade de segredo
Parece que tudo se inverte
No exato momento
Que acredito ter me encontrado
Os resultados apenas me sorriem
E mesmo diante do espanto
Espanto eu minha própria indecisão
Pra mergulhar no inescapável
Que são estes mistérios
Que pulsam meu coração...
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
ConspirAção
-Seja preciso consigo mesmo-
Enquanto o medo prevalece sobre a coragem
é só pânico o que se mantém
nem um pouco à vontade...
E quando o segredo é o que permanece
o secreto é só o que se tem
Mas
a vontade
quando posta em liberdade
de expressar-se
na natureza própria da verdade
de querer ser o que se é
desabrocha-se em pura ação
no desenrrolar da alegria diária
de uma total conspirAção
para que esta felicidade total
se realize em profundidade
numa satisfação geral
entre si, o universo, o real...
e a sua própria indentidade
-uF-
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
epifania momentânea
domingo, 3 de agosto de 2008
Criando meu acaso
Dilemas não são labirintos
nem fendas monstras
entre gigantescas calotas polares
dilemas são fontes de duvida
e duvidas são a fonte do conhecimento
de onde nascem aqueles nossos mentais esquemas
e assim sendo, agradeço por todos os meus dilemas
neles me complemento
e faço da dificuldade
o meu maior instrumento
para a certeza
e o sucessivo crescimento
desta nata natureza
total
de se fazer feliz
aceitando o mundo como é
e a si como se quer ser
e se é...
-uF-
domingo, 27 de julho de 2008
abraço
Estou tentando nadar para fora de tamanha loucura sensorial.... é que as paredes do meu oceano ecoam as vozes que saem de minha respiração... E quero ouvir o mundo lá fora, além destes mares que me atravessam as artérias... Estou construindo uma ruína, assim como Manoel de Barros escreveu sobre a palavra amor, estou enfrentando o confronto entre minhas idéias...Como ondas que enfrentam as rochas fazendo a água voar... E às vezes me sinto tão realista, tão completamente fora da realidade... O paradoxo não está na escolha de uma mentalidade, mas justamente na impossibilidade desta escolha... Vivo entre uma praia e outra... o meu sol eu o busco nas próprias pedras porque gosto do silêncio e muitas vezes a solidão de meu ser é extremamente convidativa... Não é solidão, mas preciso estar em intimidade com o universo, preciso de gaivotas, cheiros, árvores, nuvens, tudo isso no mais absoluto sigilo entre eu e o mundo... Preciso comungar com paisagens sem usar verbos... preciso deixar meus olhos voarem sem rédeas, não estou tentando mais fotografar minha existência... Tampouco quero traduzi-la... estou disposto a encontrar meus reflexos sem precisar procurar... e vou de encontro na coragem de ao mesmo tempo ir e me deixar levar..
sábado, 19 de julho de 2008
HabitAção
Me habitam infinidades
inúmeras tempestades
como gotas de infinito
de um oceano verbal
idéias que em mente rabisco
num total orgasmo palavral
silêncios de um interno grito
movimento de emoção brutal
de toda densidade que insisto
por todo meu ser aglutinar
me habita a complexidade do mar
na simplicidade geral de sua amplitude
me habita todo este agitar de plenitudes
inumeras ondas na arrebentação, na inquietude
e tudo que quero ser, viver, conquistar
parece me envolver desta completude
que é meu coração ao amar
nisto sou entregue e grato a todo o universo
desfruto de tudo nem que por um simples verso
mas de todo o cósmos permito
o universo inteiro me habitar
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Fly Away
O dia não passa
Me atravessa
corrompendo minhas artérias
tudo tão apressado
que de muito valem-se estratégias
Mas, assim, á flor da pele
como em atmosfera de tiroteio
tento me conter
onde a vontade é só reagir:
enxergar em meio ao nevoeiro
Os sonhos urgem
preciso de dinheiro
Não quero nada disso
meu viver, não é financeiro
estou me encontrando
neste eterno perdendo
onde o que se ganha
é só o que se está vivendo
preciso de sorrisos
disso sou grato
quando me cerco de amigos
sou família em puro ato
e mesmo que de repente
eu me sente e me sinta farto
sei que à minha frente
vejo-faço o meu presente
e o aproveito de imediato
terça-feira, 27 de maio de 2008
TEMPUS FUGIT
Preciso escrever tantas coisas... mas minhas mãos estão ocupadas... ocupadas com um relógio que não sei pra que serve, mas, sei que estou ansiosíssimo pra descobrir, porque, não consigo largá-lo, e sei que estou atrasado, estou muito atrasado. Porque tudo corre ao meu redor e então devo estar atrasado, muito atrasado... Eu sempre gostei de quase parar, ir o mais devagar possível, na velocidade da terra e das árvores. No silêncio do capim, na alegria das andorinhas distribuídas pelo fim da tarde... Mas não posso escrever sobre isso, tenho muitas coisas para escrever... Porque eu penso demais? Porque eu penso de menos? Não consigo ignorar os meus porquês... Desde sempre eles me movem, ainda que em passos de lesma num jardim seco, são os pontos de interrogação que ao mesmo tempo que me levam, me elevam... Preciso descobrir uma solução para um monte de coisas que eu não posso sequer tentar compreender com o puro pensamento. Preciso de experiências, e me entrego inteiro de corpo e alma, com o coração ardendo em cada pulso, porque me permito viver na calma exterior de uma expressão de paz para o furacão emocional camuflado atrás deste uniforme blasé que visto para ir ao trabalho... Preciso escrever tantas coisas, mas agora estou atrasado, muito atrasado e preciso correr...
Dentro do que não me sei
Estou em paz dentro do que me sei. Mas sinto que sei tão pouco. Acho que faço de tudo pra conservar tudo o que há de benevolência em mim. Muitas vezes exausto, eu busco reajustar o foco de minhas ações numa crença de que assim meus sonhos estarão a cada dia mais adentro, em meu vital presente. Não estou mais em busca de um refúgio, e nem de um lar onde eu seja livre. Minha liberdade? Cultivo-a nas adversidades do hoje, no infinito império de minha prisão corporal, janela da alma, minha imaginação, que faz ruflar a mais invisível das asas: a VONTADE. No meu caminho observo mais do que procuro; nem procuro, não perco tempo assim, eu aproveito, e me conhecendo encontro tudo que em sonhos planejo. Estou à deriva, sim, mas do poder de minha vontade, que me leva pra qualquer direção em que concentrar-se meu pensamento. Estou à deriva é de meu sentimento, de todo este conhecimento diante do pluralismo das inúmeras emoções, muitas vezes tão, tão infinitas... que inefáveis. Infinitas sim...Na entrega diária de pequenas e imensas coisas desta gratuita bondade amorosa que brota no derradeiro querer do dia-a-dia. Estou em paz dentro de tudo aquilo que me sei. E do infinito que não me sei, eu vou aprendendo...
a MigrAção
Estar em paz aqui
cidade grande
é praticamente
uma luta diária
sou incapaz de,
assim como Gandhi,
transtornar minha mente
por mera causa árida
Mas o ar às vezes sufoca
entre carros e compromissos
não uso buzina
porque vou de bicicleta
num deserto sou uma foca
nadando em meus sumiços
no verão que é minha sina
meu vôo é de borboleta
Preciso transcender
nem que seja em poesia
e se faço o que não quero
não é pura doação
estou tentando aprender, a viver
minha própria sintonia
e para isso sou sincero
é minha única opção
Uirá Felipe Grano Gaspar
domingo, 20 de abril de 2008
Passageiros Passageiros
Será mesmo assim?
Por todos os dias
De nossas vidas
Haveremos de cruzar o caminho
De pessoas nunca dantes vistas?
E mesmo que se freqüente
Os mesmo lugares
Jamais serão as mesmas pessoas
Nunca serão os mesmos ares
E mesmo que alguns rostos e cheiros
Possamos enfim reconhecer
Não seremos nós mesmos, não mais
Seremos outrem
Com o mundo inteiro
Para nos redesconhecer...
Rio de Janeiro
Dissolvidos no coletivo
Passageiros passageiros
Desafio Cotidiano
Infinito triangular
Tenho tentado incessantemente encontrar o eixo que me guie a meus sonhos mais vivos. E como numa gangorra de três lados fico confuso no equilíbrio estranho de onde sempre sou empurrado. Um telefonema, ou um encontro ao acaso, um simples pensamento pode ser capaz de abalar esta frágil homeostase. A procura eu encontrei como aquilo que sempre havia procurado, e na insatisfação de desconhecer os pesos do que sempre estive atentamente a equilibrar, sinto-me ora surdo, ora cego, ora mudo; ou de tão sensível, insensibilizado. Neste triangulo de sonhos sou somente o incompreensível de um poema rasgado, uma folha de papel esfarelada nas águas do mar, uma caneta que escreve nas nuvens e deixa o vento levar todas as palavras... Na intensidade de um coração disritmado, sempre me perco dos sentidos se por mim mesmo não estou sendo procurado. E o infinito que esteve sempre a meu lado vai pouco a pouco se desintegrando. Precisei de um espelho pra entender a incerteza do certo, a imprecisão no reconhecimento do que estava de fato errado. E meu triangulo de duvidas, quando enfim encaixado, arredondou-se em novo infinito, finalmente equilibrado em seu próprio mistério libertário.
quinta-feira, 6 de março de 2008
Magnetismo Orgânico
Status Cotidiano
O dia nasce aberto
em meu peito
aproveito ao máximo
cada suspiro gratuito de felicidade
que transborda na mente
impregnada ainda
do onirismo de um tranquilo sono
E meus sonhos me fazem
estando à todo tempo
em emoções genuínas
á experimentá-los no presente
Não restrinjo minhas alegrias
e mesmo ao cumprir tarefas indesejadas
por me encontrar no caminho em que escolho
e faço
vibro extasiado
conduzindo-me à certeza
dos mais sinceros desejos
Do sol deixo-me contaminar
por sua cinética viva
e do mar me inspiro
vendo fragatas plenas
ouvindo as cantorias serenas
que fazem as ondas ao espumoso esfarelar
Trago deste vivo cenário
o sublime imaginário
que me alimenta e me encanta
que me amadurece em infância
e me dinamiza ao status
de um simples amar
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
o céu de Duas Pipas no azul
O dia hoje passou muito lentamente, mas pelo menos tinha aquele gosto ansioso de saber que te veria ao fim da noite. Nesta alegria atento, tudo quanto era aborrecimento se tornava pequeno no estender-se das horas, no esticar da tarde e das ideias que alimentavam-se das lembranças tão vivas, diferentes sorrisos nos mesmos dentes, olhares, peles; personalidades.
De repente a chuva umedeceu a atmosfera e aveludou os barulhos nervosos da noite urbanóide. E foi então que soube que a contagem regressiva seria acrescida de mais 24 horas. A chuva passou mas não o sentimento de urgência e tranquilidade numa só explosão de emoções que me preenchiam no vazio deste longo dia caótico.
Frequentemente tenho que me confrontar e enfrentar sentimentos e emoções alheias, sofrendo dores que não minhas, alimentando esperanças que não de sonhos meus, e fica este vazio de não ter vivido em presença tua minhas próprias emoções e esperanças que naturalmente sinto o dom de só cuntigo compartilhar perfeitamente feliz.
A madrugada avança lentamente, entre um e outro pingo de chuva isolado, neste silêncio de urbem, sempre vibrando algum sussurro metálico longíncuo. E refletindo sobre todo este labirinto arquitetônico fico imaginando você aí, deitando no travesseiro com os olhos na imaginação, e tento te causar sorrisos mesmo daqui, deste outro cubículo de concreto no meio da vasta bagunça da engenharia urbana que ao mesmo tempo nos separa e nos une.
Cheiro de maresia entra pela janela e traz consigo as memórias ensolaradas de dias de surf e glória, onde o tempo pode enfim deixar de existir e dá a possibilidade para o infinito acontecer à eternos mortais que somos. Que é tudo isso que aprendemos? Como sentir o mundo pode estar tão intrínsecamente relacionado com construí-lo? Sinto que sente, mesmo sepaparados pela louca geometria dos espaços sinto o teu sentir tão genuinamente semelhante ao meu, e isso se comprova nas pequenas-imensas sintonias do dia-a-dia, coincidências deliciosas em telefonemas e mensagens de texto em circuntâncias tão precisas.
A vontade de viver mais e mais com você não me deixa dormir por estes instantes de agora, mas me infla de um relaxamento quase meditativo que me incentiva a ficar pensando e repensando profundas questões da existência. Quero descortinar minha alma e ter coragem de deixá-la, mais que somente ver, experimentar um voô por todo o horizonte de seus sonhos mais simples e portanto despretenciosamente sofisticados, como duas pipas à abraçar suas linhas no vasto azul de um céu nítidamente nosso.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Cada estar
Estou convictamente vivendo no agora porque nenhuma máscara pode mais vestir minhas alegrias vivas. Estou feliz e é diferente viver o presente de acreditar simplesmente nele. Percebo sutilmente, passo à passo, que a cada instante compreendo e pratico cada vez mais o simplesmente viver as coisas sem precisar pensar tanto sobre elas, seja antes ou depois, estou focado naquelas alegrias que estão vivas no agora.
E me permitindo ao outro vou entrando cada vez mais em mim. Quanto mais participo de um encontrar-se alheio mais me encontro, me conheço. Estou feliz com toda minha história, feliz com meus sonhos e previsões, estou feliz em ter claro tudo aquilo que quero neste momento, e mais ainda de já ter tudo isso.
Mas acima de tudo estou grato. Quando está caindo a chuva ou fazendo aquele sol, quando coincidencias deliciosas fazem eu simplesmente agradecer com imensos sorrisos as sortes que me cercam, quando desço uma onda e vejo um par de gaivotas no céu, quando recebo o abraço gelado mais quente da minha vida numa tarde fria e acalentadora, quando sinto ser observado na mesma essência que observo certo olhar, bem de pertinho, força iminente.
Quando ao oferecer um primeiro beijo descubro vagarosa e intensamente que é meu primeiro beijo também. Estou grato em tantos momentos, que gratidão soa até como um meio de vida, muito mais como um ato. Estou tão exatamente onde eu gostaria de estar. É um momento inesquecível a imensa experiência de abundância ao se saber e sentir plenamente vivo e corajosamente estregue aos mais luxuosos sonhos de infinito.
Quero continuar assim, um eu mesmo totalmente natural de si, e para isso estou mudando a cada instante de vida, guiando e acompanhando ao mesmo tempo, vou aproveitando com o peito aberto de alegrias cada sorriso que recebo, cada alegria expontânea, cada frase solta mais linda que me faz elevar os humores à máxima potência desprevenidamente, cada novidade que conquisto, cada fração de segundo numa troca intensa de olhares, cada beijo inesquecível que faz o mundo girar de ponta à cabeça, cada cheiro, cada toque e gesto e intenção, cada estar... assim, apaixonado, apaixonado por viver.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Plenitude Sensorial
Estou tão feliz que quero registrar isso de algum jeito que tem semanas eu procuro sem encontrar. E não me adianta relatar os fatos porque serão simples demais, nem tãopouco me adianta poetizar extraordináriamente porque o que venho vivendo tem sido de uma perfeição de clareza que é bem possível que seja impossível definir toda esta conjuntura existencial com meros recursos linguísticos. Para ser entendido neste momento precisaria pegar cuidadosamente em suas mãos e transmitir com os meus olhos o inefável entusiasmo que vem tomando conta da minha vida. Será possível viver essa intenção somente pela aventurosa tentativa de transmissão do inefável através das pobres palavras, tão distantes da essência do que tento explicar? Tente imaginar se puder, porque é o que, ou o como eu sinceramente gostaria de poder transmitir neste momento, este falar bem de perto na cumplicidade da música em meus olhos.
A felicidade que venho criando e recriando e recebendo e vivendo e repassando me enche de uns sentimentos encantados e tais que só mesmo o misterioso enigma da palavra Amor pode vestir para tentar representar. Eu sei que é óbvio demais isso tudo, falado assim, mas acredite, são as palavras que complicam tudo isto. Porque ao mesmo tempo que é simples e óbvio que se esteja feliz ao se encontrar neste estado de simples amando, amante universal do existir, é também fantástico e mágico quando se compreende com exatidão os caminhos e pequenas-grandes decições que levaram-me à alcançar este viver o que se sonha e esse sonhar o que se vive, num processo de mútua alimentação infinita_mente contínua e prolongada de ambas atividades, uma decorrendo indefinidamente na outra.
Mas será que convém explicar passo à passo cada caminho a que me levo ou elevo à este conhecimento que me liberta fazendo-me capaz de criar minha própria felicidade? Tudo me parece tão óbvio agora, e reconheço a importância serena da paciência, do saber-se muito bem que a direção é infinitamente mais importante que a velocidade. Porque quando a direção é precisamente desejada e encontrada, o tempo perde completamente este sentido narrativo...
Muitas vezes não faz sentido eu continuar esta prosa porque sei que a maior parte do que quero expressar já está provavelmente escrito em algum lugar, seja numa outra língua e cultura, seja onde for, mas tudo que venho aprendendo graças à existência das palavras, como sou grato e ingrato ao mesmo tempo. Porque gratidão seria eu então reproduzir mais e mais idéias através das palavras, mas é fundamental o silêncio muitas e muitas vezes ao longo das experiências de vida.
Muitas vezes é preciso calar-se para que se faça ser entendido depois. Mas não estou mais seguindo nas explicações que eu inicialmente gostaria de esclarecer por aqui... Talvez seja mesmo impossível, mas por isso mesmo me vejo tentado a querer acreditar que vou conseguir, não me pergunte como. Porque a inspiração que bateu à minha porta esta manhã nasceu dentro de mim mesmo, toda a manhã eu vivi, quando o sol surgiu fui eu quem amanheceu... Esta inspiração saltou pela janela enquanto eu dormia e voltou ainda mais incrível quando com meus olhos a admirar a existência azul do dia que se iniciava pude voar com os pés no chão. O que quero dizer é que tanto a inspiração quanto a felicidade e este entusiasmo inefável que parecem me 'invadir' de repente são na realidade originais de mim mesmo, assim como toda [óbvia] concepção de universo que tenho. Sim, todo o universo que conheço vem de mim mesmo. Sim, estou me chamando de Deus ao dizer que crio meu próprio universo. Afinal de contas se Deus está em tudo sou todo Deus. E se o homem foi "criado à semelhança de seu criador" me parece natural que o ser humano seja, assim como o arquetipicamente retratado "Deus criador de todo o universo", o criador nato de sua própria realidade.
Teísmos à parte tenho a profunda certeza de que tudo o que vivemos fora anteriormente concebido por meio das emoções que intrínsecamente se manifestam em comunhão com a viva coletividade do planeta.
O que sentimos é tão forte, tem tamanha força nossa sensorialidade em acordo com nossos sonhos mais emocionantes... Se para algumas aves o magnetismo da Terra é a maneira de se guiarem para os caminhos que almejam, para o ser humano ocorre o mesmo, com a ligeira diferença que o magnetismo do humano está nas próprias emoções. E é isso que eu queria inicialmente sublinhar: devemos sentir o que sonhamos para vivermos plenamente aquilo em que acreditamos e é simples assim.
Uirá Felipe